Extinção Ministério do Desenvolvimento Agrário - RIP MDA

Meus pais agricultores familiares no interior do Paraná
Foi com profunda tristeza que recebi a notícia da extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário, ministério que era responsável pela promoção do desenvolvimento sustentável da agricultura familiar e das regiões rurais, responsável também pela identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades quilombolas.

A extinção de um ministério tão importante e estratégico para garantia de soberania alimentar dos brasileiros é no mínimo estúpida e inconsequente. Alguns podem pensar: mas já existe o MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, quem conhece um pouco sobre a conjuntora agrícola nacional sabe que o MAPA apoia um tipo de agricultura diferente, principalmente agricultura de produção para exportação. Aí surge o argumento: mas é importante exportar, isso garante dinheiro para o Brasil! Deixando de lado a discussão sobre exportação e venda de matéria prima sem nenhuma agregação de valor, a preço de banana.... Vamos falar do outro lado: a agricultura familiar. 

 A agricultura familiar é caracterizada pela utilização de mão de obra familiar: ela se orienta essencialmente para suprir as necessidades da família agricultora. De acordo com dados do IBGE, no último censo agropecuário (2006), o Brasil conta com 3,4 milhões de unidades produtivas desse tipo, ocupando um quarto das terras agrícolas e empregando três quartos da mão de obra do campo (74,4%). Esse setor é responsável por 38% do valor da produção agrícola nacional, entretanto responsável por 70% do que é consumido no país! 

Um pouco mais de dados: 84,4% das propriedades rurais brasileiras são de agricultores familiares, no entanto ocupam apenas 24,3% das áreas rurais destinadas a produção. Esse setor da agricultura é responsável pela segurança alimentar brasileira, tendo papel central no fornecimento de alimentos. Ela é responsável por 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 58% do leite (58% do leite de vaca e 67% do leite de cabra), 59% dos suínos, 50% dos frangos, 30% dos bovinos e 21% do trigo.  

Nos últimos tempos, muitas ações de fomento a agricultura familiar foram implementadas e fortalecidas, são exemplos o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), PRONAF (Programa de Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural), entre outros. Programas que deram uma alavancada na produção e favoreceram os agricultores a restarem no campo ou até mesmo retornarem ao campo.
Minha mãe agricultora familiar

Após esse panorama, acredito que seja possível entender um pouco os motivos da minha tristeza e temeridade! Deixar de apoiar um setor de tamanha importância, está longe de ser uma ação inteligente dos nossos governantes. A história das nações mais ricas do planeta, mostra que o caminho não é esse, mas quem liga para história não é mesmo?  Convido você que discorda comigo, ou mesmo que concorda a estudar um pouco sobre tudo o que eu disse, é realmente muito interessante e importante conhecer de onde vem e como é produzido nosso alimento e como nossos governantes estão tratando dessa questão de extrema importância.

Referencias 
Costa, M. B. Fonte: LABJOR Unicamp: http://www.labjor.unicamp.br/midiaciencia/article.php3?id_article=712
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: http://www.ibge.gov.br/home/default.php 
MDA, Ministério do Desenvolvimento Agrário.  Programa de Aquisição de Alimentos. Fonte: MDS.gov.br: http://www.mds.gov.br/segurancaalimentar/decom/paa/programa-de-aquisicao-de-alimentos-paa
MEC, Ministério da Educação.. PNAE-Programa Nacional de Alimentação Escolar. Fonte: Portal MEC: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=16691&Itemid=1115

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