Videira em vaso: cultivar vênus

Olá navegante desavisado que caiu aqui por acaso, me chamo Jakeline e escrevo nesse blog desde 2014. 
Sem mais delongas, vamos ao assunto de hoje, tenho em minha casa um projeto de horta, isso quer dizer que ainda não está totalmente completa. Algumas pessoas se perguntam: eu tenho espaço tão pequeno, será que eu posso produzir uva em vaso? Como ter uva em vaso em apartamento? Como produzir fruta em vaso? Olha, é possível e aqui vou te contar como estou fazendo isso. 
Uma das plantas que eu tenho é um pé de uva, uma videira da cultivar Vênus. Uma cultivar para quem não sabe é uma variedade de planta com determinadas características de interesse como produção, doçura de uma fruta, tamanho da planta, tempo para produzir, cores de flores, isso depende do interesse humano nessa cultivar, essas características não são obtidas naturalmente, mas necessitam da intervenção do ser humano para acontecerem. 
Dito isso, a cultivar Vênus é americana (foi obtida através de seleção nos EUA desenvolvida pelo Programa da Universidade de Arkansa) e aqui no Brasil foi lançada pela Embrapa uva e vinho. 
Uvas orgânicas no interior do Paraná

Mas o que diferencia ela das outras cultivares de videira? Segundo a Embrapa, ela é uma uva de mesa, o que quer dizer que ela é destinada ao consumo das frutas e não para produção de vinho, ela tem sabor mais adocicado e aframboesado, a coloração é escura, chega quase a ser preta com cachos bem compactos. 

Para produção em larga escala deve-se levar em consideração que ela tem baixa qualidade pós- colheita, trocando por miúdos é uma fruta sensível que não aguenta viajar por grandes distâncias e é aconselhada para mercados regionais. 

Trata-se ainda de uma uva sem sementes, o que motivou o meu namorado a adquiri-la. Ela é também uma cultivar precoce, o que quer dizer que ela produz mais cedo e mais rápido. Ainda segundo a Embrapa, ela é a primeira uva a maturar no final de novembro e início de dezembro. 

A recomendação da Embrapa é o cultivo dessa cultivar em regiões de clima mais ameno, não tão frio e nem tão quente e principalmente onde não ocorram geadas tardias. Outro cuidado importante e na atenção ao mofo cinzento (Botrytis) durante a floração, míldio e oídio também. São todos fungos e os cuidados devem começar com a prevenção. Mais para frente vou fazer um texto sobre isso aqui. 

Depois dessa contextualização, vamos aos fatos: compramos uma muda da cultivar vênus em meados de outubro do ano passado. Era uma muda de torrão, estava contida em uma vaso plástico de quatro litros, bem pequeno para a jovem planta.

A muda já veio com flores para formação de dois cachos, meu namorado com dó pediu para não retirar as flores e no final de novembro já pudemos comer algumas frutas. O correto era ter sido feita a retirada das flores e a troca do vaso, o que por displicência não fizemos. 

"Mas porque cortar fora as flores, que dó da planta", você deve estar pensando! Acontece que ao cortar as flores nós fazemos com que a muda invista na sua estruturação, criando raízes mais fortes, aumentando o número e tamanho das folhas que farão fotossíntese, transformando a luz e os minerais em açúcar. Logo teremos uma planta muito mais forte e saudável para o próximo ano.

Nós não o fizemos, a planta além de ter gasto o pouco de energia que estava produzindo para gerar poucos frutos, ainda estava em um vaso pequeno em um torrão de terra que mal deixava a água infiltrar. Vida sofrida dessa videira aqui em casa.

Finalmente no fim do mês passado tomei vergonha na cara, comprei um vaso maior, o indicado é um de 50 litros, o meu tem 40 litros. Como a videira é uma planta originária de terrenos mais áridos, com a terra mais rica em calcário, com uma boa drenagem, eu dei uma improvisada. Misturei terra pronta para plantio com areia, melhorando a capacidade de drenagem do vaso. 

Fiz a mudança a noitinha, quando já estava mais fresco, também tive o cuidado de soltar delicadamente o torrão, para que as raízes conseguissem acessar o novo substrato. Para a melhora da drenagem, adicionei ao fundo do vaso uma boa camada de argila expandida e fiz mais furos no fundo do novo vaso. Molhei bem, até a água sair pelo buraco de drenagem. 

Alguns dias se passaram e a planta que estava com folhas avermelhadas, algumas ela já havia derrubado, começou a gerar brotos com folhas bem verdes e bonitas. Aí eu me dei conta que ela estava necessitando de uma poda de renovação. O assunto poda de videiras é algo que eu vi durante o curso de Agronomia, mas se não praticar perde-se a prática. Em relação a podas, posso falar em outras oportunidades.

Retomando a poda, retirei todas as folhas velhas, podei os galhos novos que estavam vindo, retirei o ramo ladrão que estava brotando na base da haste, além de cortar minha haste com cerca de um metro e setenta em relação ao solo. Fiz isso pois quero usar a videira para fazer sombra no quintal. Vou deixar um vídeo nas referências sobre poda. 

Eu confesso que fiquei com receio, pois fiz a poda fora de época, em uma planta que estava sendo muito estressada nos últimos meses, mas ela deu bons resultados até agora. 

O ladrão que estava brotando ao lado da haste

Os galhos novos que surgiram posteriormente a troca do vaso

Brotação mais forte uma semana depois da poda 

Nove dias depois da poda

14 dias depois da poda *-*

As primeiras folhas com 14 dias pós poda

Vale ressaltar que eu sou uma pessoa de 1,75 de altura, então você já pode imaginar como o crescimento dela foi realmente satisfatório. Depois da poda eu adubei com NPK 10-10-10. Daqui uma semana vou reaplicar o adubo, junto ao vaso eu semeei salsinha e coentro, vamos ver se fiz uma boa opção ou não. Adicionei as referências um vídeo muito bom sobre podas, depois eu explico o que eu fiz aqui em casa. 


Referências

O que é cultivar?

https://www.embrapa.br/busca-de-imagens/-/midia/4337001/uva-venus

Vídeo poda de videira

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