França e os transgênicos

Antes de começar a falar sobre esse assunto tão polêmico, vou contextualizar vocês meus amiguinhos. 

O que são os transgênicos?

Os organismos geneticamente modificados ou transgênicos são seres vivos que foram manipulados laboratorialmente a fim de incorporar uma ou mais características (através de genes) encontradas em outras espécies. Naturalmente esse processo não ocorre (salvo exceção), por que diferentes espécies não se cruzam (uma bactéria e o milho por exemplo no caso do milho Bt). Mas através do método da transgenia essa transferência é possível. Com esse técnica os cientistas são capazes de incorporar no código genético de uma espécie uma sequência de genes de qualquer outras espécie de seres vivos: plantas, bactérias, vírus ou mesmo animais. Em resumo essa tecnologia permite ao homem fazer "cruzamentos" jamais possíveis na natureza (Londres, 2002). 

Mas por que tanta polêmica ao redor dos transgênicos?

"Transgênicos" é o tipo de assunto que você invoca quando você quer arrumar algum tema pra gerar discussão é como religião e futebol. Mas por que tem tanta gente que é a favor e tantos contra? A resposta não é tão simples. Os primeiros transgênicos foram lançados no fim da década de 80 e começo da década de 90 mas ainda assim depois de mais de 20 anos depois eles são muito polêmicos. A duas principais correntes (lados) para essa discussão, em resumo as pessoas que são a favor acreditam que o uso dos transgênicos pode aumentar a produtividade, baixar os custos da produção agrícola, aumentar a qualidade dos alimentos (inserindo vitaminas em alguns alimentos por exemplo beta caroteno no arroz) entre outros. Já quem é contra (ou que preferem ser precavidos) argumentam que ainda não existem estudos suficientes sobre as consequências desses organismos tanto na saúde humana quanto a saúde do meio ambiente, a falta de transparência nos processos de liberação do uso de organismos transgênicos em diferentes países (se você estiver curioso, procure entender como foi esse processo no Brasil), o risco de perda de biodiversidade entre outros.

Mas e a França? Por que você vai falar dela?

O cultivo de transgênicos não é permitido na França, salvo no caso de cultivos experimentais. Mas mesmo nesses experimentos existem grupos contrários que ao saber da existência desses campos destroem as plantações. Como a França faz parte do bloco da União Européia - UE teoricamente teria autorizado o cultivo desses produtos no país já que a regulamentação da UE permite, mas em resposta a várias manifestações contra o cultivo desses produtos e cultivo de plantas geneticamente modificadas a França optou por interditar os OGMs. A interdição do cultivo dos OGMs na França foi feito através do "Principio da Precaução", quer dizer que enquanto não existem pesquisas que provem que não faz bem ou não faz mal a França mantem a interdição.  Para se ter uma ideia da opinião francesa sobre o tema em uma pesquisa feita pelo Instituto Francês de Opinião Pública - IFOP em 2012: 79% dos franceses se diziam muito preocupados ou preocupados com o possível cultivo e uso dos produtos geneticamente modificados, em uma outra pesquisa feita pela Academia de Agricultura da França em 2013 as principais frases que vem a cabeça dos franceses quando se fala em transgenia: Manipulação da Natureza 65%; Rentabilidade, Aproveitamento financeiro 49%; Falta de estudos a longo prazo 48%; Perda do controle cientifico 30%. Mas os franceses consomem indiretamente produtos transgênicos, um exemplo está relacionado a cadeia do leite. A França não é auto sustentável em termos de proteína para suas vacas leiteiras. Adivinha de onde vem a proteína para as vacas francesas? Da soja! E você sabe quais são os três principais exportadores de soja para a França? Argentina, Brasil e Estados Unidos, todos tem o cultivo de sementes transgênicas liberadas. 

Ps: Aceito sugestões de temas para textos.


Referencias 
Londres, Flavia 2002. Transgênicos no Brasil: as verdadeiras consequências. Unicamp. Disponível aqui
Greenpeace. Transgênicos a verdade por trás do mito. Disponível aqui 
Sondages OGM 2012. Disponível aqui em francês
Académie d'Agriculture de France. Les OGM en question. Disponível aqui em francês


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