Jardim da casa da vó

Esse é um texto que eu fiz em setembro de 2019, um texto pedido na primeira aula do curso de Paisagismo que eu fiz no Senac de São José dos Campos. O exercício era buscar na memória o primeiro contato com jardins, parques ou plantas que se tivesse lembrança. Posteriormente a gente iria discutir o texto para perceber que essa lembrança é a maior referência de estética e gosto para paisagismo. Eu pensei e até foi rápida a lembrança que chegou, o jardim da casa da minha vó paterna. Isso foi no início de setembro, em outubro do mesmo ano minha vó faleceu. Fica aqui nesse texto singelo, a minha homenagem.

Jardim da Casa da Vó - 14/09/2019

Era um jardim construído durante anos, havia uma parte externa ao redor da casa e uma parte mais interna na varanda da casa. A parte da varanda era mais fria, mais fechada, com muitas plantas em vasos. Minha vó era apaixonada por folhagens. Quando se adentrava no jardim a temperatura baixava e os cheiros eram frescos, principalmente depois que ela cuidadosamente regava os incontáveis vasos. 

O piso era frio e andar entre as plantas tinha um "que" de proibido, de perigoso, de intransigente, "não coloque a mão nessa folha", "não corra na varanda porque vocês vão quebrar meus vasos!". Eram muitas begônias, comigo ninguém pode e todas aquelas folhagens obrigatórias em jardins de avós nos anos noventa. As samambaias eram MAJESTOSAS, penduradas, imensas e os netos adoraram passar embaixo delas para o desespera da minha vó. 

O chão era laranja, ou talvez não fosse, mas na minha memória era. Os móveis que ali estavam, eram de arame, laranjas com almofadas azuis. O corredor entre as plantas era estreito porque haviam plantas no chão, nas paredes, penduradas no teto. 

A parte externa era mais arejada, cheia de frutas. A principal atração era com certeza o canteiro de morangos. Delicioso era sentar na calçada pisando na grama negra e comer morangos no domingo de manhã. A romã no inverno, a pereira, os pés de figo eram atrações secundárias. O rei do jardim era um pé de butiá, velho e sempre generoso. 

Infelizmente eu não tenho fotos desse lugar, só lembranças embaçadas de infância. Mas da última casa dela eu tenho registros de 2015.


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